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O nosso amor é verde

23 Feb 2018
By Patrícia Domingues

E amarelo e roxo e vermelho e todas as outras cores que compõem um prato cheio de legumes. Num thriller apaixonado com bolinha verde, contamos a história de amor de três protagonistas por verduras num novo romance sem estação: kale me by your name.

© Fotografia: Pedro Ferreira. Realização: Ana Caracol.
© Fotografia: Pedro Ferreira. Realização: Ana Caracol.

E amarelo e roxo e vermelho e todas as outras cores que compõem um prato cheio de legumes. Num thriller apaixonado com bolinha verde, contamos a história de amor de três protagonistas por verduras num novo romance sem estação: Kale me by your name*.   

Maria Amor, artista, designer gráfica e metade do duo A.M.O.R.

Asma, alergias e colesterol muito alto são problemas que normalmente nos levam à porta do consultório médico, mas para Maria a solução veio numa nova lista de supermercado. “Descobri que o consumo de produtos de origem animal provoca níveis de colesterol assustadoramente altos e que o consumo de lacticínios está relacionado com problemas respiratórios. Dado que tomava anti-histamínicos todos os dias, tinha que ter sempre uma bomba de asma comigo, e a minha médica previa um futuro com ainda mais medicação diária para controlo do colesterol, pensei: ‘porque não tentar?’ E resultou. Em poucos meses passei a ter valores de colesterol saudáveis e deixei de precisar da medicação. Hoje sou vegan por razões éticas, mas comecei a ser pela minha saúde”, conta a designer, que mudou a sua alimentação há três anos, tempo suficiente para deixar de se sentir constrangida com os pedidos especiais nos restaurantes e para achar piada à quantidade de memes sobre o assunto (tipo isto: “Porque é que uma vegan atravessou a rua? Para dizer a outra pessoa que era vegan”). Outra coisa que tem na ponta da língua sem ser uma alface: uma explicação aos menos entendidos sobre o consumo de proteína. “O que mais vejo é medo de falta de proteína - desnecessário - porque não só há muitas fontes veganas da mesma (leguminosas, frutos secos, tofu, etc), como todos os alimentos ‘inteiros’ (ou seja, whole foods) têm proteína; e o consumo excessivo da mesma, se for de origem animal, está altamente ligado a problemas de coração e a mil outras doenças”, diz, frisando (ouviram, haters?) que o melhor é consultar um médico antes de pôr um X em cima da carne (ou do que quer que seja). Maria compra vegetais, fruta, leguminosas e cereais no mercado mais perto de casa e o resto da despensa no Go Natural ou Celeiro. Garante que não se pode dizer que não se gosta de vegetais até os cozinhar em molho de soja, alho e pimenta preta e partilha com a Vogue a sua receita de um molho que torna tudo especial(mente saboroso): uma mistura de tahini, miso e sumo de limão. Para quem quiser comer fora de casa, salvo seja, em Lisboa, tem o Ao 26 (“tem petiscos portugueses veganizados, deliciosos”), o Foodprintz Cafe (“os melhores queijos veganos da cidade”), o The Food Temple (“tapas veganas incríveis e uma atmosfera amorosa”), O Antigo Talho (“serve o brunch dos meus sonhos (sim, sonho regularmente com tofu scramble)”), o My Mother’s Daughters (“encantador e super acolhedor, com lattes lindos (e ótimos!) e pratos fabulosos”) e o Sabor Superior (“o sítio perfeito para uma refeição caseira feita com muito amor”). “Para quem não é fã de vegetais, é sempre possível esconder alguns em smoothies de fruta, triturar couve ou espinafres num pesto, ou cortá-los muito fininhos e misturar num arroz, por exemplo”, sugere. E porque é que os vegetais devem pesar mais na balança do que a carne? “Em termos de saúde, os vegetais são os alimentos mais nutricionalmente densos que existem: são essenciais para o nosso bem-estar, e basear a nossa alimentação em plantas é a escolha mais saudável que podemos fazer por nós próprios. Em termos éticos, a produção de carne provoca desastres ambientais, o que não acontece com a produção de vegetais - sugiro ver o documentário Cowspiracy para mais informação sobre o assunto. Acima de tudo, desde que deixei de consumir animais, não consigo compreender a necessidade assustadora de matar seres vivos para comer - até escrever isto soa simplesmente grotesco. Acredito que um dia vamos olhar para trás e dizer: ‘Lembras-te quando era normal comer animais? Que fora!’."

 

*Este é o primeiro de três artigos sobre o tema, que contam com a participação de Lillian Barros, nutricionista, e Yasser Saiyad, chef do restaurante Psi. 

Patrícia Domingues By Patrícia Domingues

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