Coisa mais linda: Bruna Marquezine fala sobre a fé, o discurso feminista e a era do Instagram
Vasquiat: a plataforma de Blanca Miró e Rafa Blanc que quer mudar a indústria da Moda
Entrevistas 25. 6. 2019
O designer francês escolheu os campos de lavanda de Valensole como pano de fundo para o desfile da primavera/verão 2020, e é aqui — rodeado de flores — que Simon Porte Jacquemus fala à Vogue sobre a promoção da criatividade fora de Paris e sobre encontrar a felicidade.
É fácil perceber que, aqui em Provença, estão a aproximar-se les vacances. Há casais aapanhar sol e a beber rosé nas calanques perto de Marselha; o planalto altivo de Valensole, pintado em tons de lavanda, está em plena floração (algo que acontece durante um mês); as nuvens têm o formato de borboletas brancas que cortam a cor arroxeada das flores. Este é o cenário perfeito para o designer mais instagramável, Simon Porte Jacquemus, apresentar as suas propostas para a primavera/verão 2020 — que inclui pela primeira vez as linhas femininas e masculinas na mesma passerelle—, naquele que é o décimo aniversário da marca homónima.
Primeiro, há a questão da população influencer que visita Valensole. A oportunidade para conseguir o registo perfeito com os campos de lavanda como pano de fundo para o Instagram não tem custo, havendo mesmo sinais na estrada que alertam os condutores para a possibilidade de encontrarem pessoas a tirar fotografias durante o mês de junho.
É aqui — num local sem nome, no meio de um campo — que a Vogue se encontrou com Jacquemus, 24 horas antes da primeira modelo pisar a passerelle. Simon está ao longe numa longa linha cor-de-rosa chiclete de 500 metros, uma passerelle que presta homenagem aos artistas Christo and Jeanne-Claude e à instalação de David Hockey na Royal Academy, The Arrival of Spring in Woldgate, East Yorkshire em 2011.
Ver esta publicação no Instagram
Esta é a terceira vez que o criador apresenta as suas coleções no sul de França, mas a passerelle em Valensole é um statement mais forte, o mais evocativo das suas referências e do seu talento para pensar em grande. Jacquemus cresceu a uma hora de distância, em Mallemort, e é atraído pelo apelo que estes campos têm sobre as pessoas — conscientemente citando este local como um cliché Provençal.
“Com esta passerelle, algumas pessoas só se vão lembrar do lavanda”, explica, voltando-se para o cenário onírico, onde a sua equipa está a testar os vertiginosos saltos da coleção no declive íngreme da passerelle. “Outros verão a semelhança com a pintura de Hockney. No fundo, quero que todos entendam o meu trabalho.”
As pinturas de Hockney, assim como as de Paul Cézanne e Jean Lurçat, foram o ponto de partida para esta coleção, intitulada Le Coupe de Soleil — uma referência à assinatura “não muito burguesa” do designer que usa uma paleta de cores muito saturada. Hoje, essetítulo também encapsula o brilho nas suas bochechas depois de passar um dia no campo.
“Ontem, estava a olhar para o moodboard, é como um nascer do sol”, explica-nos. Este desfile expressa a mais recente paixão de Jacquemus, os padrões, que nesta coleção estão presentes em 35 coordenados.
© Gorunway
Aos 29 anos, Jacquemus sabe como celebrar. Rihanna, Dua Lipa e Charlene, Princesa do Monaco, estão entre o leque de admiradoras da sua marca — sem esquecer o milhão de seguidores que acumula no Instagram. Não paga a ninguém para vestir as suas peças, e o facto de Beyoncé comprar a sua roupa através da loja online, como uma compradora que está à procura daquele vestido, “é o melhor elogio possível”, afirma o criador francês. “Não só porque são mega-estrelas, mas porque têm tudo e escolhem vestir Jacquemus.”
Há 10 anos, já o designer estava em modo disruptivo, realizando os seus desfiles em flashmob nas ruas, durante a Semana de Moda de Paris. O seu objetivo continua o mesmo: “não colocar limites entre mim e o público, e usar tudo o que tenho ao meu alcance para fazer barulho.”
Ver esta publicação no Instagram
Hoje, o facto de a Semana de Moda de Paris masculina acabar com um desfile de Jacquemus no sul de França importa. “Sempre quis ser a voz que diz haver mais para além de Paris”, começa por nos explicar. “Eu vivo em Paris, o meu estúdio é em Paris e a minha equipa toda está em Paris. Eu adoro isso, mas também importa passar outra mensagem igualmente importante: que é o facto de poderes ser de outro lugar. Quando comecei tinha 19 anos e olhava para outros designers e sentia-me muito distante deles. Eles não falavam comigo, nem com a minha avó ou a minha tia", recorda.
O momento de viragem aconteceu no outono/inverno 2013 com o desfile que Jacquemus chama de “the swimming pool show”, a primeira coleção a fazer sucesso internacional. “Foi um momento muito especial, eu era o único novo designer no calendário e as modelos pareciam muito masculinas, o que era bastante incomum para Paris”, diz-nos sobre a era pré-Vetements em Paris. Mas foi a primavera/verão 2017, “o desfile com os chapéus” — diz com franqueza — “que me tornou muito famoso.”
Com este reconhecimento surgiram rumores persistentes de ofertas de trabalho por parte de grandes casas de Moda, às quais já tem uma resposta na ponta da língua: “digo sempre que ‘não preciso de uma grande marca, a minha grande marca é a Jacquemus’. Eu continuo a dizer isso cada vez mais alto.”
Assim como escolher o cenário para uma passerelle, o criador sabe exatamente o que está a fazer. “A minha missão é ser o nome de uma geração, que não pensa somente no futuro do planeta, mas pensa também em procurar a felicidade, que não é definida pela quantidade de dinheiro que tens.”
O sol começa a desaparecer e o frenesim das borboletas está a chegar ao fim. Esta cena irradia paz. De volta à estrada em direção a Aix-en-Provence, os influenciadores sairão muito em breve, derrotados pela luz fraca. Jacquemus olha uma vez mais à sua volta. “Quando as pessoas me perguntam onde me vejo daqui a 10 anos, eu digo que feliz. Quero seguir aquilo que me leve à felicidade.”
Roteiro 7. 6. 2019
Os cafés e restaurantes associados aos designers de Moda
Tomar o pequeno-almoço no café da Burberry. Almoçar no restaurante de Simon Porte Jacquemus. Lanchar na pastelaria da Prada. Beber um copo no lounge de Roberto Cavalli. Não sonhámos: é bem possível fazer este roteiro. Fashion foodies , tomem nota.
Ler maisColeções 27. 2. 2019
Jacquemus: outono/inverno 2019
As propostas para o outono/inverno 2019 de Jacquemus.
Ler maisPessoas 16. 1. 2019
As mulheres de Jacquemus
Jacquemus é o designer du jour: no Net-a-Porter esgota stock pouco tempo depois das suas coleções chegarem às prateleiras e já conquistou um lugar no guarda-roupa de nomes como Rihanna, Beyoncé, Selena Gomez, Kendall Jenner, entre muitas outras celebridades e it girls.
Ler maisColeções 25. 9. 2018
Jacquemus: primavera/verão 2019
Depois de um chapéu de palha megalómano, uma das tendências do verão de 2018, o criador francês apresentou ontem, em Paris, uma carteira de palha gigantesca com grande possibilidade de se tornar no hit do verão de 2019.
Ler maisColeções 27. 2. 2018
Jacquemus: outono/inverno 2018
É o designer de que todos falam, é o favorito das celebridades e it girls um pouco por todo o mundo e, ontem à noite, levou-nos a viajar pelo ambiente tórrido de um inverno passado na cidade de Marraquexe.
Ler maisPalavra da Vogue 26. 2. 2018
Le chapéu
Para a primavera/verão de 2018, o criador francês apresentou La Bomba, uma coleção repleta de essenciais para a estação quente.
Ler maisColeções 26. 9. 2017
Jacquemus: primavera-verão 2018
O arranque da semana de Moda de Paris foi entregue a Jacquemus, o designer francês que tem conquistado a indústria. Para a estação quente de 2018 apostou na descontração e na fluidez.
Ler maisTendências 31. 8. 2017
Jacquemus featuring Lady Di
O título honorífico de "Camisa da Estação" já teve muitas vencedoras só este verão, mas quando surge uma peça muito perto da perfeição e que, ainda por cima, nos atira a imaginação para o guarda-roupa da Princesa Diana, sabemos que encontrámos "a tal".
Ler mais