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A ascensão da diretora de moda feminina nos anos 2010

27 Dec 2019
By Emilia Petrarca

A indústria da Moda tem mais diretoras femininas - incluindo Maria Grazia Chiuri na Dior e Clare Waight Keller na Givenchy - como nunca, mas mais de 50% das marcas mais reconhecidas de vestuário feminino ainda são lideradas por homens.

A indústria da Moda tem mais diretoras femininas - incluindo Maria Grazia Chiuri na Dior e Clare Waight Keller na Givenchy - como nunca, mas mais de 50% das marcas mais reconhecidas de vestuário feminino ainda são lideradas por homens.

Assume-se frequentemente que a indústria da Moda é liderada por mulheres, mas na realidade, muitas das maiores Casas de Moda têm sido historicamente dirigidas por homens. A influência de nomes como Coco Chanel, Elsa Schiaparelli e Madeleine Vionnet - consideradas uns dos grandes nomes do design - é comparada a pilares femininos dos dias de hoje, como Miuccia Prada e Rei Kawakubo. Mas quando o assunto é o cobiçado lugar de diretor criativo, as mulheres não têm tido a maioria nos últimos anos. 

Um estudo realizado pela McKinsey & Company (uma empresa de consultoria norte-americana), em 2018, mostrou que menos de 50% das marcas de roupa feminina foram criadas por mulheres, e apenas 14% das grandes marcas tinham uma mulher a liderar. No entanto, há sinais de mudança. À medida que os anos 2010 chegam ao fim, atualmente, temos mais mulheres no topo das Casas de Moda do que nunca.

Os principais momentos femininos de 2010

Alexander Mcqueen, outono/inverno 2019. Fotografia: Jamie Stoker
Alexander Mcqueen, outono/inverno 2019. Fotografia: Jamie Stoker

A década começou com a morte de Alexander McQueen, em fevereiro de 2010, que foi sucedido pela sua amiga Sarah Burton. É claro que Burton tinha um grande desafio pela frente; na época, a indústria estava a cambalear de uma perda tão devastadora, mas Burton passou a ser uma grande potência ao criar o vestido de noiva de Kate Middleton, em abril de 2011. No ano seguinte, a revista Time nomeou-a como uma das pessoas mais influentes do mundo.

Kate Middleton, abril de 2011. Fotografia: Getty Images
Kate Middleton, abril de 2011. Fotografia: Getty Images

O próximo marco histórico para as diretoras de Moda, aconteceu em julho de 2016, quando foi anunciado que Maria Grazia Chiuri substituiria Raf Simons, como diretora criativa da francesa Dior, tornando-se assim na primeira mulher, em 70 anos, a deter este título na Maison. Chiuri montou uma "Dio(r)evolution", como a própria admitiu, com o feminismo de mão dada a esta (r)evolução, tornando-se num ponto fulcral na sua primavera/verão 2017, a primeira coleção que apresentou ao abrigo da Dior - que é lembrada através das t-shirts com a frase We Should All Be Feminists estampada, inspirada no livro de mesmo nome de Chimamanda Ngozi Adichie.

Escrever ou não "feminismo" numa t-shirt de 710 dólares (aproximadamente € 640) é, de facto, um ato feminista? O impacto que a coleção teve ao gerar conversas sobre o assunto é impossível de ignorar. A Dior foi uma das marcas mais populares no Instagram em 2017, com o maior número de comentários e engagements.

Maria Grazia Chiuri. Fotografia: Getty Images
Maria Grazia Chiuri. Fotografia: Getty Images

O ano de 2017 foi um momento crucial para outras designers. Foi o ano em que milhões de pessoas participaram em marchas femininas por todo o mundo, e o pussy hat tornou-se num símbolo de solidariedade feminista – e Clare Waight Kellern também se tornou na primeira diretora criativa da Givenchy. A designer britânica que criou o vestido de noiva de Meghan Markle, em 2018, foi também a inspiração do discurso da Duquesa de Sussex nos Fashion Awards do mesmo ano.

No entanto, as notícias da indústria não eram só alegria. Em janeiro de 2018, foi anunciado que Hedi Slimane iria suceder Phoebe Philo no papel de diretor criativo da Celine - uma notícia altamanete controversa. “As roupas de Philo não eram apenas para mulheres; elas  eram também sobre mulheres”, escreveu Cathy Horyn após a notícia da saída de Philo, levando a uma análise de toda a indústria, sobre o que perdemos por não termos mais mulheres à frente das grandes marcas.

A nova era do poder feminino na Moda

Givenchy © Jamie Stoker
Givenchy © Jamie Stoker

Em 2019, Rihanna tornou-se a primeira mulher a criar uma marca original na LVMH, e a primeira mulher de cor no topo de uma Casa da LVMH. Nomes como Stella McCartney, que é relativamente nova em comparação com Louis Vuitton, que também começou a sua própria marca a partir do zero.

O calendário da Moda também ostenta agora um número crescente de marcas independentes fundadadas por mulheres, incluindo a designer britânica e jamaicana, Grace Wales Bonner, que colaborou com Maria Grazia Chiuri para a coleção Cruise 2020 da Dior; a estrela de 28 anos da Semana de Moda de Paris, Marine Serre, é a primeira mulher a apresentar uma coleção na Semana de Moda Masculina de Nova Iorque. Estas novas forças criativas podem ou não escolher passar para posições mais elevadas nas grandes Casas tradicionais, o que significa que o velho conjunto de regras pode não apelar a esta nova onda de designers.

Ao entrarmos na próxima década, a indústria da Moda tem um longo caminho a percorrer em termos de igualdade de género, mas a evolução está certamente em curso.

 

Emilia Petrarca By Emilia Petrarca

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