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Os melhores momentos do desfile Cruise 2020 da Dior

30 Apr 2019
By Mónica Bozinoski

Da mensagem por detrás dos coordenados à atuação da suprema e super Diana Ross, reunimos os quatro momentos que marcaram o desfile Cruise 2020 da Casa francesa.

Na passada noite de segunda-feira, Maria Grazia Chiuri voou até Marraquexe, uma cidade simbólica na história da Dior, para apresentar as propostas que antecedem a primavera do próximo ano. Da mensagem por detrás dos coordenados à atuação da suprema e super Diana Ross, reunimos os quatro momentos que marcaram o desfile Cruise 2020 da Casa francesa.

A escolha do cenário 

O cenário do desfile Dior Cruise 2020 ©Getty Images
O cenário do desfile Dior Cruise 2020 ©Getty Images

A escolha da cidade de Marraquexe não foi deixada ao acaso por Maria Grazia Chiuri - a cidade é um local simbólico para a história da maison fundada por Christian Dior que, em 1951, criou o "Maroc", um vestido e casaco em tule branco com bordados prateados, inspirado pelos tons de branco refrescantes da "pérola do sul". A ligação entre a Casa francesa e a cidade marroquina continuou com Yves Saint Laurent, que foi assistente de Christian Dior em 1955 e assumiu o comando da maison quando o fundador morreu, dois anos mais tarde. Nos anos 60, foi a vez de Yves Saint Laurent ir beber inspiração à cidade para criar o seu casaco "Marrakech" em marfim. 

Para a apresentação das propostas pré-primavera do próximo ano da Dior, e olhando para a relação entre a marca e Marraquexe com um novo espírito de colaboração e partilha, Maria Grazia Chiuri escolheu o Palácio El Badi - um símbolo arquitetónico mandado construir no século XVI pelo sultão Ahmad al-Mansur, da dinastia Saadian, para celebrar a sua vitória na Batalha de Alcácer-Quibir - como pano de fundo para o desfile Cruise 2020. Rodeadas pelas colunatas em tons terracotta do palácio, as modelos de Maria Grazia Chiuri desfilaram à volta da piscina localizada no impressionante pátio de El Badi, iluminadas por fogueiras e centenas de velas colocadas na superfície da água. 

A mensagem por detrás da coleção 

©Alastair Nicol
©Alastair Nicol

Numa era em que se discute cada vez mais a importante diferença entre apropriação cultural e apreciação cultural, e se cultiva o também importante exercício de dar crédito a quem o crédito é devido (obrigada, Diet Prada), Maria Grazia Chiuri quis virar a conversa e focar-se, antes, no intercâmbio cultural - mais precisamente, num encontro entre os códigos da Casa francesa e o artesanato pan-africano que a diretora criativa da Dior sempre admirou. "Aquilo que quero transmitir é que a Moda aprecia outras culturas e é capaz de trabalhar com outras culturas", explicou a Maria Grazia à Vogue. "A ideia de nos fecharmos para evitar que as discussões acontençam não ajuda ninguém." 

Inspirada em referências como Maya Angelou, Nelson Mandela ou Naomi Zack, e fundamentando ainda mais a mensagem de partilha cultural que esteve presente em todas as propostas da coleção Cruise 2020 da Dior, a diretora criativa abriu as notas do desfile com uma citação do autor franco-marroquino Tahar Ben Jelloun, retirada do seu livro de 1998, Racism Explained to My Daughter: "A cultura ensina-nos a viver em comunidade, ensina-nos que não estamos sozinhos neste mundo, que outras pessoas têm tradições e modos de vida diferentes que são tão válidos como os nossos." 

As colaborações e a reinterpretação dos clássicos de Christian Dior 

A camisa criada por Pathé’O, que vestiu Nelson Mandela, em homenagem ao herói da luta anti-apartheid ©Alastair Nicol
A camisa criada por Pathé’O, que vestiu Nelson Mandela, em homenagem ao herói da luta anti-apartheid ©Alastair Nicol

"O trabalho artesanal faz parte da nossa herança e, como maison de alta-costura, temos de falar disso de uma maneira diferente, de uma maneira contemporânea”, afirmou Maria Grazia Chiuri. "O meu objetivo não foi só falar de artesanato à volta do globo, mas percorrer o globo e olhar para os códigos da Dior de diferentes pontos de vista." Para a coleção Cruise 2020 da Casa francesa, foi precisamente isso que a diretora criativa fez - uniu forças com especialistas do continente africano para abrir um diálogo enriquecedor sobre origens, cultura e tradição.

A antropóloga, curadora e autora do livro African Wax Print Textiles, Anne Grosfilley, foi responsável por guiar a diretora criativa em todo o processo de criação. Numa entrevista à edição britânica da Vogue, a especialista em têxteis e moda africana explicou que esta coleção "é uma celebração da diversidade das culturas africanas antigas, mas não é uma coleção africana." Como defende Grosfilley, as propostas representam "uma ligação entre diferentes culturas e uma promoção do savoir-faire africano" e distinguem-se de tudo aquilo que foi feito até agora. "O ponto de vista da Maria Grazia foi promover têxteis 100% fabricados em África, ao invés de criar 'um estilo africano'. Esta coleção pode ser usada por qualquer pessoa porque é uma coleção que fala sobre a ligação de todos os continentes do mundo." 

A reinterpretação do Bar Jacket criada por Grace Wales Bonner ©Alastair Nicol
A reinterpretação do Bar Jacket criada por Grace Wales Bonner ©Alastair Nicol

Para além de unir forças com Grosfilley, que introduziu Maria Grazia Chiuri à Uniwax, um estúdio de design e fábrica da Costa do Marfim que se especializa na criação de têxteis wax 100% made in Africa, a diretora criativa convidou diversos especialistas para colaborar no processo do desfile. Olhando para os códigos da maison à luz deste diálogo entre culturas, Chiuri convidou a designer Grace Wales Bonner e a artista Mickalene Thomas para reimaginarem o clássico Bar Jacket e a icónica saia New Look, dois pilares inconfundíveis da Dior. "Queria que a Grace e a Mickalene acrescentassem uma visão diferente a esta silhueta, tal como eu fiz quando cheguei à Dior", explicou Maria Grazia. 

A par com Grace Wales Bonner e Mickalene Thomas, as colaborações estenderam-se ao criador sul-africano Pathé’O, que desenhou uma camisa em homenagem a Nelson Mandela, enquanto a responsável pela elaboração dos chapéus da Casa francesa, Stephen Jones, colaborou com Martine Henry e Daniella Osemadewa na criação de turbantes e ornamentos pan-africanos, e as artesãs do estúdio marroquino Sumano juntaram-se a Chiuri para idealizar a cenografia do desfile, decorado com peças de cerâmica e têxteis tradicionais e locais. 

A atuação de Diana Ross na after party 

Mónica Bozinoski By Mónica Bozinoski

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