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Para o infinito e mais além: 12 designers de Moda que se inspiraram no espaço

16 Jul 2019
By Rosalind Jana

Prepare-se para a descolagem! No ano em que se celebra o 50º aniversário da chegada do Homem à lua, embarcamos numa missão intergalática para descobrir as melhores criações de Moda inspiradas no espaço.

Prepare-se para a descolagem! No ano em que se celebra o 50º aniversário da chegada do Homem à lua, embarcamos numa missão intergalática para descobrir as melhores criações de Moda inspiradas no espaço.

Chanel, outono/inverno 2017 © Getty Images.
Chanel, outono/inverno 2017 © Getty Images.

Há cinquenta anos, a 20 de julho de 1969, a missão Apollo 11 pousou no único satélite permanente da Terra. Os astronautas Buzz Aldrin e Neil Armstrong colocaram os pés na superfície lunar, feito que mais nenhum outro ser humano havia realizado. Observado por cerca de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, este foi um momento marcante — possivelmente o mais marcante da década e um dos mais importantes desde o lançamento do Sputnik 1 pela Rússia em 1957. A corrida espacial da Guerra Fria teve consequências a longo prazo e não só inspirou conversas fervorosas sobre o nosso relacionamento com o cosmos, como também influenciou grandemente a produção cultural. Para os designers André Courrèges, Paco Rabanne e Pierre Cardin, significava criar uma nova maneira de pensar a Moda.

A dias do 50º aniversário da missão que colocou o primeiro Homem na lua, analisamos mais de meio século de design inspirado em constelações, astronautas, alienígenas — em suma, inspirado em tudo o que pertence ao grande cosmos.

André Courrèges

Andre Courrèges, 1993 © Getty Images.
Andre Courrèges, 1993 © Getty Images.

Conhecido, em parte, pela invenção da minissaia (há um empate entre ele e Mary Quant), André Courrèges estava na vanguarda da exploração do sistema solar através do design de Moda. O uso de cores como branco e prata rapidamente se tornou parte de uma estética que definiu toda uma era — vejamos a sua coleção Era Espacial, de 1964. Courrèges também ajudou a popularizar outros itens que definiram o visual moon girl, como as botas rasas, os óculos protetores e as roupas em PVC transparente. A obsessão de Courrèges com o conforto, a inovação e o design futurista continuaram mesmo depois da chegada do Homem à lua, e o designer chegou até a receber um convite pessoal para visitar o controle da missão da NASA no Cabo Canaveral, na Flórida.

Paco Rabanne

Paco Rabanne, 1969 © Getty Images.
Paco Rabanne, 1969 © Getty Images.

Nas mãos do designer espanhol Paco Rabanne, a corrida espacial tornou-se um estímulo perfeito para a criação de um futuro avant-garde. Com uma série de materiais inovadores — incluindo o papel, o plástico e, mais notoriamente, o metal —, Rabanne criou peças de vestuário que mais pareciam armaduras saídas de um qualquer universo distante e misterioso. Brincando com o facto de ter "viajado para a Terra, vindo do planeta Altair, para organizar a civilização neste planeta há 78.000 anos”, Rabanne, através das roupas, proporcionava uma espécie de viagem no tempo: os seus cortes arrojados e os seus métodos pioneiros na construção das roupas valeram-lhe um grande destaque no filme de ficção científica Barbarella, de 1968. Tais vestes foram copiadas inúmeras vezes ao longo das décadas e, ainda hoje, celebridades como Paris Hilton e Bella Hadid vestem versões atualizadas dos seus célebres vestidos de malha metálica.

Pierre Cardin

Criações de Pierre Cardin na Semana de Moda de Paris em 1968 © Getty Images.
Criações de Pierre Cardin na Semana de Moda de Paris em 1968 © Getty Images.

Também Pierre Cardin, na década de 60, dirigiu as suas atenções para universo. Apaixonado pelos detalhes mais inusitados — como o vinil e os fechos éclaires de grandes proporções — e com uma abordagem muito arquitetónica relativamente à proporção das peças, as roupas de Cardin tornaram-se tão encantadoras quanto divertidas. O seu desfile de 1969, intitulado A Era Espacial e o Futurismo, foi fortemente influenciado pelo burburinho em torno da missão Apollo 11: nele viram-se capas brilhantes e vestidos estilo foguete. Assim como Courrèges, também Pierre Cardin fez uma tour pela NASA e foi o primeiro civil a experimentar o famoso traje espacial de Neil Armstrong (diz-se que, para o conseguir, terá subornado um segurança). A experiência foi tão marcante para o designer que ele acabou por criar os seus próprios fatos espaciais para a NASA na década de 70.

Thierry Mugler, outono/inverno 1979

Thierry Mugler © Getty Images.
Thierry Mugler © Getty Images.

As dramáticas fantasias cyborg de Thierry Mugler parecem os herdeiros mais lógicos da tradição da era espacial. Frequentemente, os seus modelos, vestidos com trajes de metal ao estilo de Paco Rabanne, assemelhavam-se a seres temíveis e sedutores, quais habitantes de outro planeta. Não é, por isso, surpreendente a escolha do nome Alien para um perfume Mugler. Para o designer, o final da década de 70 foram anos particularmente voltados para o mundo exterior: de vestidos de prata, brilhantes e com plissados ​​a trajes de espiões dourados com cintos e capacetes, criou de tudo.

Issey Miyake, primavera/verão 1995

Issey Miyake, primavera/verão 1994 © Getty Images.
Issey Miyake, primavera/verão 1994 © Getty Images.

A vida extraterrestre também inspirou o trabalho de Issey Miyake. Os seus célebres vestidos de discos voadores proporcionaram um ponto de encontro surpreendente entre lanternas de papel japonesas, escultura biomórfica e OVNIs. Produzidos em várias formas e cores durante os anos 90, as peças de poliéster ofereciam aos seus portadores uma aparência extraordinária e invulgar, como se um objeto curioso estivesse a pairar acima do chão.

Givenchy, outono/inverno 1999

Givenchy, outono/inverno 1999 © Getty Images.
Givenchy, outono/inverno 1999 © Getty Images.

Com frequência, os designs de Alexander McQueen faziam uma alusão a espaços imaginários — basta pensarmos no seu último (e perturbador) desfile, intitulado Plato’s Atlantic, altamente futurista. No entanto, talvez o momento mais espacial de McQueen tenha ocorrido durante a sua estada na Givenchy, em concreto com coleção para o outono/inverno 1999. Uma coleção que abordava a temática da tecnologia, dos andróides e de um futuro incerto na véspera do Y2K (aka o bug do milénio, aka o medo da chegada do ano 2000, que faria estragos nos computadores de todo o mundo). Assim como os designers supramencionados, McQueen transformou essa ansiedade e esse burburinho em torno do novo milénio numa série de peças de vestuário arrojadas e voltadas para o futuro. Em 1999, as modelos caminharam sobre uma passarelle metálica vestidas com roupas brilhantes (algumas das quais com estampados semelhantes a placas de circuito de eletricidade), casacos de pele ao estilo de Blade Runner e botas pelo joelho. Certas criações até incluíam luzes LED — uma fusão inteligente de vestuário e maquinaria.

Hussein Chalayan, primavera/verão 2007

Hussein Chalayan, primavera/verão 2007 © Getty Images.
Hussein Chalayan, primavera/verão 2007 © Getty Images.

Tal como os designers da década de 60, Hussein Chalayan também se mostrou preocupado com o futurismo e com as implicações do que poderíamos usar num universo alternativo. No desfile da coleção primavera/verão 2007, Chalayan não só apresentou o seu icónico bubble dress, como também levou os espetadores numa viagem pela história da Moda através de seis peças de vestuário cujas formas se alteravam ali à vista de todos, em tempo real. Esta magia técnica, desenvolvida pela equipa responsável pelos efeitos especiais dos filmes de Harry Potter, permitiu às roupas florescerem na passerelle e adquirirem novas formas no corpo das modelos. Naturalmente, cada metamorfose foi recebida com muitos aplausos.

Christopher Kane, Resort 2011

Christopher Kane Resort 2011 © Imaxtree..
Christopher Kane Resort 2011 © Imaxtree..

O avanço tecnológico possibilitou a capacidade de testemunhar e de captar aquilo que está além do nosso pequeno planeta em movimento. No início de 2010, o galaxy print estava praticamente em todo o lado: as cores do cosmos estavam espalhadas em vestidos, camisas, t-shirts, carteiras, botas. Na origem da popularidade explosiva deste padrão específico esteve Christopher Kane, com a sua coleção Resort 2011. Intitulada Into the Galaxy e com imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble (que foi lançado pela primeira vez em 1990), os designs do criador escocês transformaram essas deslumbrantes imagens em roupas altamente desejáveis. À distância, tais imagens poderiam ser padrões idênticos a uma pintura marmorizada, mas, de perto, os fogos de artifício galácticos com que Christopher Kane concebeu as suas peças mostravam-se muito fascinantes.

Versace, linha masculina, outono/inverno 2016

Versace, outono/inverno 2016 © Getty Images.
Versace, outono/inverno 2016 © Getty Images.

Muitas casas de Moda negoceiam cuidadosamente o status reconhecível da sua marca, cientes da possibilidade de ganharem bastante dinheiro quando há um logótipo envolvido. Todavia, por vezes, é necessário olhar noutra direção — que é como quem diz, para outros logótipos. Utilizado por marcas como a Heron Preston e a Coach, o logo da NASA foi também avistado no desfile da linha masculina outono/inverno 2016 de Donatella Versace, em bomber jackets prateados bilhantes. Ao trocar os desenhos em vermelho, azul e branco do logo da agência de exploração espacial por cabeças de Medusa, torsos musculados e constelações bordadas (arrematadas pela palavra “Versace”, pois claro), Donatella montou uma coleção inspirada na era espacial e muito próxima da estética Camp.

Chanel, outono/inverno 2017

Chanel, outono/inverno 2017 © Getty Images.
Chanel, outono/inverno 2017 © Getty Images.

Para o desfile outono/inverno 2017 da Chanel, Karl Lagerfeld embarcou numa missão espacial, ao montar, no interior do Grand Palais, em Paris, um foguetão gigante. Lagerfeld apresentou uma visão sedutora de uma vida bastante elegante fora do planeta Terra: os seus tweeds e as suas pérolas habituais receberam um toque cósmico; viram-se botas prateadas com biqueiras pretas, trench coats metalizados e vários vestidos de lantejoulas que imitavam o mais estrelado dos céus. Já as mochilas prateadas usadas por algumas das modelos davam a ideia de uma viagem iminente. O desfile encerrou com uma impressionante exibição pirotécnica ao som de Rocket Man, de Elton John.

Louis Vuitton, primavera/verão 2019

Louis Vuitton, primavera/verão 2019 © Getty Images.
Louis Vuitton, primavera/verão 2019 © Getty Images.

Nos últimos anos, a Louis Vuitton tem tido um love affair com tudo o que pertence ao universo galáctico. Na coleção primavera/verão 2019 viram-se muitas características do estilo clássico da era espacial, nomeadamente carteiras prateadas e capacetes brancos. Há muito interessado nas silhuetas futuristas, Nicolas Ghesquière, com a sua alfaiataria angular, criou três trajes espaciais florais. Antes do designer francês, a Louis Vuitton também teve os seus momentos espaciais — recorde-se que, em 2009, para uma campanha, a marca contratou Annie Leibovitz para fotografar o astronauta Buzz Aldrin, Sally Ride (a primeira mulher americana no espaço) e Jim Lovell (comandante da Apollo 13).

Iris van Herpen, primavera/verão 2019

Iris Van Herpen, Alta-Costura primavera/verão 2019 © Getty Images.
Iris Van Herpen, Alta-Costura primavera/verão 2019 © Getty Images.

Com técnicas de impressão 3D e com materiais que desafiam os limites do que se pode colocar num corpo, os designs tecnologicamente avançados de Iris Van Herpen são a materialização dos sonhos da era espacial contemporânea. Frequentemente referida como sendo hi-tech e sci-fi, a coleção de Alta-Costura primavera-verão 2019 de Van Herpen foi claramente inspirada no espaço sideral (as criações foram parcialmente baseadas num atlas astral do século XVII chamado Harmonia Macrocosmica). Das mãos de Van Herpen nasceram vestidos de organza incrivelmente futurísticos, desenhados em colaboração com o ex-engenheiro da NASA Kim Keever, que entretanto enveredou pelo ramo artístico.

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