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Cinema: Atomic Blonde – Agente Especial

11 Aug 2017
By Catarina D'Oliveira

Suave como Bond, desenvolta como Wick e dura como Rambo, Charlize Theron é a agente secreta ao serviço de Sua Majestade.

Suave como Bond, desenvolta como Wick e dura como Rambo, Charlize Theron é a agente secreta ao serviço de Sua Majestade. 

Novembro, 1989. O comunismo está em colapso e, em breve, o Muro de Berlim virá abaixo com ele. Duas semanas antes, um oficial do MI6 é morto em Berlim e estava carregado de informações de uma fonte no Oriente: uma lista altamente confidencial onde são reveladas as identidades de agentes duplos das mais importantes agências secretas do ocidente. Lorraine Broughton é a agente enviada para este barril de pólvora de agitação social para recuperar a lista. No entanto, nem tudo é o que parece e ela vê-se envolvida numa perigosíssima rede de espionagem e contra-espionagem que ameaça não apenas a sua vida, mas também a de centenas de colegas... 

Atomic Blonde: Agente Especial é o thriller de espionagem new wave que marca a estreia na realização a solo de David Leitch, o homem que em parceria com Chad Stahelski nos trouxe em 2014 o formidável John Wick. Não é inocente este breve esclarecimento, já que o novo filme protagonizado por Charlize Theron partilha muito do (bom) ADN da saga que nos fez voltar a acreditar que, afinal, Keanu Reeves – que não é propriamente o pináculo do alcance dramático - é uma das maiores estrelas de ação em atividade em Hollywood. 

Inspirado na novela gráfica "The Coldest City", Atomic Blonde mantém o core temático e respetivos twists da obra original mas faz-lhe uma extreme makeover no look pulsante, encharcado em cores néon e afogado numa estética punk irreverente que condiz com a gulosa banda-sonora synthpop dos anos 80 que acompanha os procedimentos – com direito à mais inspirada utilização de "Father Figure" de George Michael que alguma vez verá no grande ecrã, enquanto Theron despacha generosamente agentes da Volkspolizei com a ajuda preciosa de uma mangueira, um frigorífico e uma panela, reinventando por completo a relação da Mulher com a cozinha.

Por falar em confrontos físicos, há-os aos molhos, e cada um é melhor que o outro. Tal como Reeves, Theron protagonizou a esmagadora maioria dos seus próprios stunts, mergulhando de cabeça em sequências de luta estonteantes cujo expoente máximo é o já histórico e memorável plano-sequência na escadaria – e que certamente vamos recordar e ouvir falar por muitos, muitos anos.

Depois da elétrica performance que roubou os holofotes de Mad Max: Estrada da Fúria a Tom Hardy, a sul-africana continua a dar cartas como uma das mais dinâmicas caras da ação em Hollywood. Feminista, feminina e dura de roer, Theron é estrondosamente magnética quando aumenta a voltagem da sua face de assassina implacável.

No plano secundário, o restante elenco - que inclui os veteranos Toby Jones e John Goodman, - acompanha Theron na melhor das suas capacidades, com especial destaque para James McAvoy, um delicioso "sidekick" psicopata que quase faz sombra a Kevin Wendell Crumb de Fragmentado (2016).

Num híbrido frenético entre James Bond, John Wick e um intrincado romance de John le Carré, Atomic Blonde é mais um cromo na caderneta do "mais estilo do que substância", não deixando de sofrer com alguns problemas, por vezes graves, de ritmo e argumento – com uma exposição carregada e nem sempre eficaz, dá a sensação que se julga mais inteligente do que realmente é, o que acaba por lhe retirar a exuberância que uma abordagem mais simples e direta poderia beneficiar (e como Leitch executou tão bem em John Wick).

Com um compromisso a 200% de uma protagonista em estado de graça e encapsulando algumas das mais brutais e bem executadas cenas de ação da memória recente, Atomic Blonde pode não ser um marco histórico para o género, mas é um exemplar acima da média que oferece um serão de escapismo bem passado e que, sobretudo, constitui um contributo precioso para continuar a desbravar o caminho da igualdade de representação de género – Lorraine está bem equipada para se juntar ao grupo restrito das mais inspiradoras e poderosas heroínas do cinema e deixaria a rainha-mãe Ellen Ripley (Alien) orgulhosa.

Bem-vinda ao clube. 

Catarina D'Oliveira By Catarina D'Oliveira

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