Inspiring Women  

Paula Amorim: "Não se escondam, queiram muito e dêem sempre o máximo"

19 Apr 2018
By Catarina Nunes

Paula Amorim é a sucessora do homem mais rico do país e mentora do grupo Amorim Luxury. Para ela, o caminho a fazer, pelas mulheres, é acreditar e nunca desistir.

Paula Amorim é a sucessora do homem mais rico do país e mentora do grupo Amorim Luxury. Para ela, o caminho a fazer, pelas mulheres, é acreditar e nunca desistir.

© Branislav Simoncik
© Branislav Simoncik

Acredita que o presente e o futuro constroem-se cada vez mais no feminino e que, por isso, as mulheres precisam também de acreditar e nunca desistir. Seja no mundo dos negócios ou em todos os aspetos da vida. "Não se escondam, queiram muito e dêem sempre o máximo". É o conselho que deixa a todas as mulheres.

O trabalho, os negócios e fazer crescer o legado empresarial da família são os grandes motores profissionais de Paula Amorim, que assumiu a responsabilidade de liderar o Grupo Américo Amorim, na sequência do falecimento do pai (Américo Amorim), em julho de 2017, que à data era o homem mais rico do país. Muito antes disso, em 1995, começou a construir o Grupo Amorim Luxury com a aquisição das lojas Fashion Clinic, aos quais foi juntado outros negócios como o franchising da Gucci e os conceitos de restauração JncQuoi e Ladurée.

Qual foi o seu primeiro trabalho e o seu primeiro negócio?

Comecei a trabalhar muito nova, com 19 anos. Acabei por não concluir os estudos universitários (em Gestão Imobiliária) e o meu primeiro trabalho foi no grupo Américo Amorim na área imobiliária. O meu primeiro negócio surge em 2005, quando comprei a Fashion Clinic, sozinha e sem o respaldo financeiro do grupo familiar.

Como vê o dinheiro, o trabalho e a liderança no feminino?

Vejo sempre o dinheiro como algo necessário, positivo e como um meio para atingir um propósito. No meu caso, a minha relação com o dinheiro tem quase sempre uma motivação empresarial subjacente. Vejo a liderança no feminino como algo extremamente positivo, que vem crescendo de uma forma consistente. É comum, hoje, assistirmos a mulheres a assumirem cargos de grande responsabilidade, sejam eles empresariais, políticos, culturais ou de outra natureza.

Há uma forma feminina de lidar com estes três aspetos?

Todas as mulheres e todos os homens são diferentes, havendo, no entanto, características comuns que os aproximam. As mulheres acabam por ter uma sensibilidade diferente, muito fruto da complexa e exigente gestão de todo o contexto pessoal e familiar, que sem dúvida ajuda muito a nível empresarial e confere às mulheres uma dinâmica e uma perceção diferenciadora e multifacetada.

Teve algum momento em que se sentiu desconfortável ou que a fizeram sentir desconfortável por ser mulher e/ou por ter o peso do nome que carrega?

Nunca senti.

Como foi a sua infância e o que é que nessa época projetava para o seu futuro?

Foi uma infância feliz, mas sempre marcada pelo trabalho. O meu pai sempre foi uma grande referência para mim e uma pessoa para quem o trabalho era a razão e alegria de viver. Qualquer conversa sempre passava pelo trabalho, negócios e investimentos. Nesse sentido, o trabalho e a dedicação à causa foi sempre algo que vi como futuro e como forma de alcançar sucesso empresarial. A questão do legado, da família, e de ter origem num grupo familiar com uma história como a nossa, faz-me trabalhar de forma entusiasta para a preservar e fazer crescer.

Nesse caminho o que é que ganhou ou perdeu com as suas origens?

Nem tudo foi fácil. Perdi a liberdade de alguém jovem que tem ambições de correr o mundo, de procurar experiências e contactos profissionais noutras áreas do globo. Mas ganhei uma  grande “universidade” e uma aprendizagem real dos negócios. Tive ensinamentos muito bons de trabalho e de relação com as pessoas. Saber ouvir, ter a capacidade de argumentar, de discutir uma ideia e negociar. Ninguém é dono da razão e poder partilhar, debater, refletir e por vezes infletir, foi uma forma de enriquecimento única para mim e, consequentemente, para as empresas que hoje lidero.

Considera o caminho que fez um peso herdado, uma missão ou uma consequência natural do seu contexto?

Eu diria que uma consequência natural do meu contexto, mas que mais tarde se veio a revelar numa agradável missão.

A Paula Amorim é a mesma pessoa que a simplesmente 'Paula' na intimidade familiar?

Sou a mesma Paula. Obviamente que no trabalho, e julgo que não serei apenas eu, mas sim todas as pessoas, o comportamento tem que ser ajustado. Os meus valores e princípios são os mesmos. A exigência e a comunicação com os colaboradores é própria de um ambiente de trabalho, onde o rigor pelos resultados é distinto.

Acha que ainda faz sentido falar-se na conciliação entre a família e o trabalho ou esses dois aspetos são parte integrante da mulher?

Acho que são parte integrante da mulher. Qualquer mulher que tem ambições profissionais já sabe, à partida, que tem que se organizar de forma a que o seu compromisso profissional seja viável e tenha sucesso. Todas as mulheres que assumam essa responsabilidade tem que previamente saber lidar com essas questões e resolvê-las antes de assumir esses compromissos.

O que é que falta (e o que é que já existe) no mundo empresarial para que as mulheres trabalhem na sua energia plena?

Nesse aspecto acho que não falta nada. Um bom profissional não tem nada a ver com o ser mulher ou homem. A energia plena e entrega total tem de existir, sempre. Não consigo imaginar outra coisa no mundo empresarial.

No grupo que lidera qual é a percentagem de homens e de mulheres e há algum objetivo nesta matéria?

O grupo que lidero, como julgo que na grande parte dos empresas, a percentagem ainda é maioritariamente composta por homens, mas essa tendência tem vindo a reduzir-se e a presença de mulheres nas empresas vai intensificar-se cada vez mais.

Quem é a mulher das novas gerações que considera ter perfil para carregar a pasta da gestão e liderança no feminino?

As mulheres estão cada vez mais ativas, determinadas e visíveis na gestão. Vamos ter um mundo cada vez mais feminino, com grande presença e domínio na liderança de grandes negócios e empresas, com uma nova geração ainda a fazer o seu percurso. Mas dou-lhe um exemplo feminino, a Dra. Leonor Beleza, pessoa que admiro e que gere de forma exemplar a Fundação Champalimaud, uma grande referência.

O talento para os negócios herda-se, é uma característica inata ou desenvolve-se e trabalha-se?

É uma característica inata, mas que se melhora e desenvolve com o tempo. Com esforço tudo se consegue, mas o gosto pelo negócio tem de estar lá, para poder ser trabalhado.

Que conselho deixa às mulheres que estão nesta área ou que gostariam de fazer um caminho nos negócios, gestão e liderança?

Acho que têm de esquecer o tema homem/mulher. Têm, isso sim, que acreditar, nunca desistir e isto e serve para os negócios e para todos os aspetos da nossa vida. Persistência, consistência, determinação e muita paixão pelo que fazem. Não se escondam, queiram muito e dêem sempre o máximo.

Descubra mais sobre a mulher, a profissional, o role model que é Paula Amorim na Vogue Portugal de maio.

Catarina Nunes By Catarina Nunes

Relacionados


Moda   Compras  

As melhores lojas vintage de Copenhaga neste momento

25 Apr 2024

Moda   Compras   Tendências  

Trend Alert | Ombros Assimétricos

25 Apr 2024

Atualidade  

Mulheres de Abril

25 Apr 2024

Atualidade   Curiosidades  

Celeste Caeiro, do Franjinhas para os livros de História

24 Apr 2024